A importância da nutrição para as pessoas com deficiência intelectual

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Você sabe qual a importância de uma boa alimentação para as pessoas com deficiência intelectual? Saiba mais sobre o assunto na entrevista com a nutricionista do Censa – Centro Especializado Nossa Senhora D’ Assumpção- Dulciana Ribeiro.

O que é nutrição?

Para começar é preciso entender que a Nutrição é uma ciência que estuda a composição dos alimentos e as necessidades nutricionais de cada indivíduo. É importante compreendermos que as necessidades nutricionais estão ligadas na composição dos alimentos (carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais).

As pessoas possuem necessidades nutricionais diferentes, isso quer dizer que cada indivíduo necessita ingerir alimentos com uma quantidade de calorias especifica para manter o organismo saudável e em bom funcionamento.

Qual a importância da nutrição para as pessoas com deficiência intelectual?

No Brasil, 23,9% da população possui algum tipo de deficiência (Censo 2010), o que corresponde a mais de 45 milhões de brasileiros. Desse total, 1,4% ou mais de 630 mil pessoas, possuem deficiência intelectual. Esse tipo de deficiência é caracterizada por um funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização dos recursos da comunidade e segurança (Manual AARM, 2002).

As pessoas com deficiência intelectual possuem suas preferências alimentares de acordo com sua cultura familiar, regionalidade e costumes…O que pode diferir da população sem deficiência é a presença de comportamentos opositivos e recusa na aceitação de novos alimentos na dieta, o que deve ser feiro com parcimônia. Por isso a nutrição é importante para oferecer uma alimentação balanceada que trabalhe a reeducação alimentar e aceitabilidade de diferentes alimentos sempre respeitando a individualidade de cada um.

A alimentação deve ser realizada de uma forma que atenda às necessidades específicas do indivíduo. Em se tratando da pessoa com deficiência intelectual é comum dificuldades de mastigação, seletividade por cores, consistências e texturas, como no autismo por exemplo. Em alguns casos pode ser necessária uma dieta de consistência pastosa ou uma composição diferente do prato, para evitar engasgos e aspiração do alimento.

Como os hábitos alimentares podem influenciar na qualidade de vida das pessoas com deficiência intelectual?

A partir da criação e manutenção diária de bons hábitos alimentares, conseguimos criar um ambiente favorável para que o indivíduo possa experimentar uma maior variedade de alimentos saudáveis tendo como consequência uma boa aceitabilidade, garantindo assim uma boa nutrição para o corpo.

Uma alimentação saudável irá contribuir com a quantidade de nutrientes necessários para fornecer energia para realizar as atividades diárias, manter uma boa forma e prevenir doenças.

Como lidar com as dificuldades de comportamentos na hora das refeições?

Cada pessoa com deficiência intelectual poderá apresentar ou não, comportamentos e dificuldades diferentes. Alguns indivíduos com deficiência motora associada, poderão ter por exemplo, problemas no manuseio de talheres e para levar o alimento a boca, já outro pode ter dificuldade na mastigação, outro na seletividade dos alimentos.

Em todas as situações é preciso ficar atento para as necessidades individuais, sempre que possível respeitando as suas preferências alimentares. No Censa por exemplo, cada indivíduo tem seu plano alimentar, que consiste em uma orientação baseada na idade, diagnóstico e necessidades nutricionais.

Quais profissionais podem colaborar com o atendimento nutricional do indivíduo?

Além do nutricionista, profissionais como o fisioterapeuta, o fonoaudiólogo e o terapeuta ocupacional, entre outros, podem auxiliar o indivíduo para que ele adquira bons hábitos à mesa.

O fisioterapeuta pode trabalhar a coordenação motora em indivíduos onde além da deficiência intelectual coexista também alguma limitação física. Já a fonoaudióloga auxilia na qualidade da ingestão alimentar.

Outro profissional importante nesse processo é o terapeuta ocupacional. Ele pode fazer um trabalho para auxiliar nas lacunas sensoriais para aqueles indivíduos que possuem uma seletividade alimentar textural, como no caso da maioria dos autistas. Além disso ela pode transformar o momento de alimentação em uma experiência mais prazerosa e lúdica.

Em conjunto, esses profissionais indicam ajudas técnicas, utensílios adaptados e acompanhamento do plano alimentar.

As medicações, muitas vezes necessárias dependendo do tipo de deficiência intelectual e das comorbidades associadas, podem alterar o paladar?

Pode, algumas medicações alteram o Ph do conteúdo salivar, o que provoca alterações no paladar. Um exemplo são os fármacos anticonvulsivantes, comumente usados por indivíduos com epilepsia, eles alteraram o sabor dos alimentos devido a acidez na sua composição.

É importante ressaltar que a alteração do paladar acontece geralmente com indivíduos que fazem o uso continuo da medicação.

A deficiência intelectual pode acarretar prejuízos na deglutição e na mastigação?

Os prejuízos podem ou não acontecer, isso vai depender da condição do indivíduo. A consistência dos alimentos devem ser oferecidos conforme a aceitabilidade e capacidade de mastigação da pessoa com deficiência intelectual.

As demandas individuais requerem uma grande atenção, pois pequenos descuidos ou imperícias podem causar aspirações e engasgos, impedindo que o corpo receba os nutrientes necessários. No Censa, por exemplo, acompanhamos o processo de mastigação e deglutição dos educandos, fazendo as inferências necessárias e muitas vezes evitando aspiração de alimentos para o pulmão, que podem levar a um quadro de pneumonia aspirativa. Por isso, mantemos uma equipe de profissionais atentos e capacitados para cuidar de nossa clientela.

 

 

25 de novembro de 2017|Comentários desativados em A importância da nutrição para as pessoas com deficiência intelectual